Cuidados no manuseio dos resíduos em tempos de Coronavírus. [Saude]

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É tempo de se cuidar. A declaração de pandemia pela OMS (Organização Mundial de Saúde) do novo coronavírus fez com que mudássemos nossos hábitos de vida para nos prevenir da doença que, hoje, 25 de março, já conta com mais de 2 mil casos no Brasil. 

Além de todos os cuidados que devemos tomar com a limpeza das mãos e dos objetos que manuseamos, existe um local que também facilita a transmissão do vírus: o nosso lixo. Os resíduos contaminados podem transmitir a doença para todas as pessoas que irão manuseá-los até o descarte: coletores, garis, separadores, trabalhadores de aterros e limpeza urbana, todos estão dedicados a manter a limpeza e evitar que o vírus se propague ainda mais.

Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2018/2019 publicado pela Abrelpe ( Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) ,  1493 municípios brasileiros  ainda destinam seus resíduos para lixões, que representa 17,5% de todo o lixo coletado no Brasil.

Se isso por si só já pode ser considerado um grande problema de saúde pública, a forma como é feita a coleta de resíduos no Brasil faz com que a possibilidade de contaminação se torne ainda maior. A maioria das cidades brasileiras possui coleta manual dos resíduos, com garis passando, de porta em porta, para coletar os lixos domiciliares, que posteriormente serão levados para os aterros.

Luigi Longo, presidente do Instituto Movimento Cidades Inteligentes, afirma que essa forma de coleta pode se tornar uma nova forma de transmissão do vírus que não ocorreu em outros países. “Países mais modernizados, como na Europa e na Ásia, utilizam caminhões com coleta mecanizada, sem manuseio no processo.”

Além disso, outra característica brasileira se dá na coleta seletiva. Os resíduos que chegam nas Centrais de Triagem são separados de forma manual por trabalhadores, podendo haver uma contaminação caso chegue algum resíduo contaminado misturado ao reciclável. “Desde a coleta de porta em porta, até o descarte final nos aterros, existe uma cadeia de trabalhadores que estão diretamente expostos a resíduos que podem estar contaminados. É preciso pensar formas de proteção tanto para os trabalhadores, quanto para os moradores, já que o lixo pode se tornar o maior difusor de contaminação por vias aéreas. Isso sem contar em catadores e carroceiros que coletam diretamente os resíduos em ruas e avenidas sem nenhum tipo de proteção.”, afirma Longo. 

Medidas de Prevenção

Para tentar minimizar a situação, algumas medidas vêm sendo adotadas em cidades onde o surto de coronavírus está mais acentuado. A principal delas, é na cidade de São Paulo, onde se concentra a maior quantidade de casos confirmados no Brasil até o momento, sendo cerca 700 até esta terça (24).

A  Autoridade Municipal de Limpeza Urbana  da cidade de São Paulo (Amlurb)  anunciou no último sábado (21)  um Plano de Contingência na Gestão de Resíduos Sólidos para evitar a contaminação de trabalhadores da limpeza urbana nas gestão dos resíduos da cidade. 

O plano foi elaborado  em parceria com os consórcios de varrição e coleta domiciliar, e segue as diretrizes da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA) e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de Portugal, com a colaboração da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE). Entre as medidas estão a  ampliação dos protocolos de higiene nos alojamentos, garagens e veículos dos funcionários e reforço na comunicação sobre o tema.

Além disso, os funcionários das 104 unidades de ecopontos da cidade não irão mais manusear os resíduos descartados pela população. O descarte deverá ser feito direto nas caçambas e/ou nos Pontos de Entrega Voluntária (PEV's).

Já o serviço de coleta domiciliar comum, presente 100% das vias do município, poderá ocorrer em até três horas depois do horário previsto, devido ao reajuste nos horários de entrada dos coletores e também também pela prioridade de coleta dos resíduos hospitalares e  limpeza de ruas próximas a hospitais 

E para diminuir a exposição dos funcionários aos resíduos contaminados, a destinação dos resíduos recicláveis também será realizada sem qualquer triagem manual, dispensando a atuação de cooperados nas Centrais de Triagem.

Além disso, a ONG Pimp My Carroça, criadora do aplicativo Cataki, que conecta a população a catadores e  cooperativas  de reciclagem pelo Brasil,  lançou uma campanha  para que sejam dados sabonetes, detergentes e álcool gel para os catadores, já que dispõem de poucos recursos de higienização.

Já para os moradores que estão em quarentena dentro de casa a recomendação é que caso possua uma pessoa contaminada, o lixo deverá ser separado do restante dos moradores e deve ser ensacado 2 (duas) vezes em sacos resistentes, descartáveis, com enchimento de até dois terços da sua capacidade e com nó reforçado. Essa medida busca evitar o contato dos coletores com possíveis resíduos contaminados.

Além disso, máscaras, luvas e outros objetos de uso pessoal são considerados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos como material infectante do Grupo A, isto é, contém microrganismos capazes de originar algum tipo de contaminação por bactérias, vírus entre outros tipos de agentes infectantes. Portanto, devem ser evitadas de serem jogadas no lixo comum e recomenda-se que sejam levados para locais que fazem o destino correto, como empresas ou locais que fazem coleta de resíduos infectantes.

Fonte: http://ci.eco.br/cuidados-no-manuseio-dos-residuos-em-tempos-de-coronavirus/